quarta-feira, 19 de outubro de 2016

RONDA DAS MIL BELAS EM FROL


No dia 20 de setembro decorreu, na Pensão Amor, a apresentação do mais recente livro de Mário de Carvalho, numa sessão de lançamento com a participação de Inês Pedrosa, Patrícia Reis, Rita Ferro e Ana Daniela Soares.

                                       
A sessão foi gravada para ser transmitida no programa "A Páginas Tantas" da Antena 1:
http://www.rtp.pt/play/p1799/e251826/paginas-tantas

O livro intitula-se "Ronda das mil belas em frol" e consta de dezasseis histórias sobre sexo e de um epílogo.

                                          Foto de Fernanda Cunha

Podem dividir-se os grandes escritores em dois grupos: os que escrevem sempre o mesmo livro (Abelaira, por exemplo) e os que escrevem livros diferentes, em termos temáticos e, até, estilísticos, como Mário de Carvalho.

Isso, mas não só, explica que já tenha sido galardoado, entre outros, com os prémios da Associação Portuguesa de Escritores nas categorias de romance, teatro e conto, bem como com um prémio na área do ensaio. 

Mário de Carvalho raramente na sua obra tinha feito o trilho do sexo (veja-se, como exemplo, a página 80 de "A Sala Magenta", 1.ª edição, Editorial Caminho, 2008). 

Chegou agora o momento. E a seguir virá, certamente, outro caminho igualmente inesperado e surpreendente.

Transcrevo, com a devida vénia, excertos das últimas páginas do epílogo (e do livro):

«Nesta vida onerada de quotidianas contrariedades e percalços, que deram ocupação a tanto profeta, fulguram efémeros parênteses luminosos, interstícios de bem-estar, como os em que as crianças riem e os em que os corpos dos homens e das mulheres mutuamente rejubilam.
(...)
Não há mais elegante delineio da Natureza que aquela abençoada fenda, sulcada em macios conchegos, figurando duas mãos que rezam, unidas ao alto, entrada de catedral, gasalho de mistério. E todas individualmente distintas, como o rosto de cada qual. Se não fossem as cargas semânticas que, através dos tempos, tergiversam e desfiguram, eu era muito homem para utilizar o vocábulo "fisionomia". A mais fascinante não será, porventura, a mais proporcionada e canónica. Celebre-se cada mínima imperfeição da mais esplendorosa ogiva do mundo, onde confluem em subtil harmonia a Arte e o Além.
A quem me perguntasse porque é que eu sou assim, volveria que venho promovendo esse debate comigo mesmo. E torna-se-me sempre evidente que é preciso, a cada momento, romper, descobrir, desvendar, arribar à Índia.
(...)
Ora, que sentido faz apostrofar o bom do milhano por voar alto e querer abarcar? Ou a incansável toupeira que perfura onde lhe compete? Ou o pilriteiro por só dar pilritos?
(...)
Destarte continuarei enquanto as forças mo permitirem. Falta-me descobrir qualquer coisa e não descansarei enquanto essa falta perdurar. Talvez uma vida inteira não chegue, mas é preciso comprovar isso mesmo, implicando aí a casuística dos enigmas e dos deslumbramentos.
Sapatos de ferro gastaria eu de bom grado nestes caminho. A graça, o donaire e o fascínio de cada bela em frol torná-los-ia jeitosos e andadeiros.»


sábado, 15 de outubro de 2016

DO


Orçamento do Estado
Cão do Ricardo
Não orçamento de Estado
Não cão de Ricardo

E para não esquecê-lo
Lembrar que é imposto do selo
Não imposto de selo

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

MAIS DE MIL DIAS DEPOIS


Alguém (Mark Twain?) terá dito que deixava de fumar 20 ou 30 vezes por dia.

Também haverá quem fume de 4 em 4 anos.

E quem diz fumar diz publicar mensagens num blogue.