quinta-feira, 18 de maio de 2017

OS JORNAIS


Os jornais foram importantíssimos para mim.
No verão de 1979, comecei a ler os jornais que o meu irmão, Octávio Félix de Oliveira, já estudante universitário, ia acumulando durante o ano.
Foi então que conheci os semanários O Jornal e o EXPRESSO.
Pouco mais tarde, a partir de 1981, acompanhei, desde o nascimento, o JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias.
Estes três jornais alicerçaram muita da minha formação política, económica e cultural.


                                                                        Nº 1 d' O JORNAL, em 2 de maio de 1975

 O Jornal recordo, por exemplo, a publicação em duas edições consecutivas, nas páginas centrais, da última entrevista de Sartre.
O Jornal  foi um projecto inovador: era um jornal propriedade dos próprios jornalistas.
Lembro-me de nomes como José Carlos de Vasconcelos, Fernando Assis Pacheco, Cáceres Monteiro, Afonso Praça, Manuel Beça Múrias, Carneiro Jacinto, Francisco Vale (hoje editor da Relógio d´Água), das análises económicas de Daniel Amaral e das crónicas semanais de Augusto Abelaira, intituladas Escrever na Água.
O projecto d´ O Jornal (Publicações Projornal) foi-se expandindo com a criação do jornal Sete, da revista HISTÓRIA, do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, d´O Jornal da Educação, do jornal humorístico Bisnau e da editora O Jornal, que viria a editar escritores como Augusto Abelaira e José Cardoso Pires (se bem me lembro, o primeiro livro editado foi, em 1982, Balada da Praia dos Cães, de Cardoso Pires, que viria a vencer o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, no ano em que foi publicado o Memorial do Convento).
O Jornal deixou de se publicar, salvo erro, no final de 1992, e o único título que se manteve até hoje, ininterruptamente, foi o JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias.


                                                                    Nº 1 do EXPRESSO,  em 6 de janeiro de 1973

Do EXPRESSO recordo a análise política da página 2 de Marcelo Rebelo de Sousa e a criação da Revista que, na década de 80, atingiu um nível sueperlativo. Na Revista de então era possível, semanalmente, ler as críticas de cinema de João Lopes, Vicente Jorge Silva, Eduardo Prado Coelho e Augusto M. Seabra!!! Lembro-me também de na mesma Revista ler grandes entrevistas, entre outros, a Karl Popper (por João Carlos Espada) e a Jurgen Habermas (por Clara Ferreira Alves).


                                                                              Nº 1 do JL, em 3 de março de 1981

JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias foi desde o início (e até hoje) dirigido por José Carlos de Vasconcelos. Nos primeiros anos teve um conselho editorial composto por Auguto Abelaira, Eduardo Prado Coelho e Fernando Assis Pacheco. Pouco mais tarde teve como chefe de redacção António Mega Ferreira. E teve como jornalistas Clara Ferreira Alves e (em início de carreira) Ricardo Araújo Pereira. Recordo as crónicas de Augusto Abelaira (Ao pé das letras), Agustina Bessa-Luís e José Sesinando (Escrituralismo), bem como as magníficas ilustrações de João Abel Manta. O JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias é um caso único de longevidade no mundo de língua portuguesa, no âmbito do jornalismo cultural.

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